quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Coisas Pequenas

Nós dois tivemos muitos amores
Antes de cruzar um com o outro
O bom de tudo isso
É que nenhum de nós
se arrepende de nada
As outras vidas que nós dois tivemos
Foram treinamentos e preparação
Pra esses momentos de felicidade
Que sempre estão a nossa disposição.
Nós dois estamosmuito felizes
Como num caso de ressurreição
Já carregamos nossa cruz
Com sofrimento e dor
Na poeira da estrada
Mas essas cruzes
que nós carregamos
Hoje já cumpriram sua missão
E nós estamos descansados
e leves de corpo e de coração.

Obrigado pelas
Coisas pequenas
Que ainda bem você
não me esqueceu
Obrigado pelos dias de chuva
E que você não deixou chover
E obrigado por estar no mundo
E obrigado por cuidar do que é meu.
Muito obrigado e não esqueça nunca
Que eu continuosendo sempre seu.
Muito obrigado e não esqueça nunca
Que eu continuosendo sempre seu.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Música no céu: um pensamento de luz por Zé Rodrix!


Hoje escutem uma canção do Zé, releiam alguma crônica, vejam alguma foto, riam com alguma irreverência do Mestre, comam ( ou bebam) algo muito especial que invoque sua memória, e principalmente, dirijam um pensamento de luz ao Zé Rodrix no dia do seu aniversário!!
Vale até chorar, desde que termine tudo numa gargalhada , daquelas abertas, bem ao gosto do Zé!
PARABÉNS, ZÉ RODRIX!!!

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Julia Rodrix e o segredo do seu charme

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Julia Rodrix e seus lindos cabelos brancos
do Blog Melhor Idade, de Ana Maria Penteado


Não sei que com vocês acontece a mesma coisa, mas repararam como aumentou o número de mulheres assumindo seus cabelos brancos? Na sala de espera de um consultório sentei-me ao lado de uma senhora com o rosto jovem e uns cabelos brancos muito bem cortados e tratados. Elogiei os seus cabelos e ela me confessou que estava muito feliz com eles mas que eram necessários alguns cuidados, como a escolha de shampú adequado. Confesso que pinto meus cabelos desde os 29 anos de idade e não teria essa coragem de assumir os meus branquinhos. Semana passada , na redação da Jovem Pan, ví outra pessoa que me chamou a atenção, justamente por possuir lindos cabelos brancos, também muito bem cortados e cuidados. Julia Rodrix, mulher inteligente, bonita, segura de si, jovem e que fez um trabalho excelente de pesquisa para o livro ” Ninguém faz sucesso sozinho” de A.A.A. de Carvalho, o Tuta. Conversando com ela. pedí que mandasse um texto para o blog contando suas experiências com os cabelos brancos.
Obrigada, Julia, pelo lindo texto ( adorei a velhinha de Miami)


“Preconceitos a parte, mas sempre que querem me localizar no meio de um grupo se referem a mim como a moça loura.
Não sou loura, sou grisalha por opção e certo orgulho. Acho que não saberia, hoje, ser de qualquer outro modo, faz parte de mim ser a grisalha, a mulher que assume os cabelos brancos, que param na rua pra saber que tinta em passo, ou para saber se meus cabelos são naturais ou não.

A história destes meus cabelos é longa, começou com meus 16 anos mais ou menos . Haviam lançado o primeiro shampo com cheiro de amndoas e eu comecei a usar nos meus longos cabelos negros e lisos, asa de grúna ^,quando notei alguns fios brancos. um aqui e outro ali, coisa pouca. em menos de seis meses a cabeça já estava assim, meio sal e pimenta, mechas já apareciam aqui e ali e eu achei que era culpa do tal do shampo.

Parei de usar o produto mas os cabelos continuaram a embrnquecer. fui ficando adolescente, naquela época se ficava adolescente depois dos 16, entrei na faculdade, e as mechas lá, dando um toque de diferença. fiz desfiles, fui modelo, pintei o cabelo de todas as cores, fui verde como as esmeraldas da H.stern, vermelhos para combinar com a linha de sandálias da Czarina, liláses para a lançar as primeiras sandálias da melissa, e finalmente loiros, a la Marilyn numa época que eu tinha tempo e dinheiro para retocar infinitamente. Casei e meu marido Z. Rodrix, que sabia do meu cabelo branco, insistia para que eu o deixasse natural, dizia ser meu charme.

Aos 29 anos engravidei e fui aconselhada pelo meu querido amigo e médico, dar um tempo na pintura do cabelo. Ficar com a raiz aparecendo, nunca, deixar a cabelo de diversas tonalidades, menos ainda.Tentei descolorir e tudo que consegui foi uma reaçao da tintura e um cabelo pink.
Sendo assim, decidi passar a máquina 0. Sai do cabeleireiro carequinha para susto e surpresa de todos, inclusive minha.

Desde este dia assumi meu cabelo branco, branquinho como a neve. Muito mais simples, não me obriga a disciplinas quinzenais e horas de cabeleireiro , fortunas com tinturas, hidratação, banhos, máscaras e tudo o mais que envolve um cabelo tingido e bonito, mas não é só lavar e pronto, é preciso alguns cuidados.

Nada de shampos cheirosos e coloridos. Conforme a cor, pode ter certeza que seu cabelo ficará com um “ton sur ton” do shampo.
Nada de banhos de piscinas demorados e frequentes sem depois passar um shanpo de limpeza profunda, pode ficar com cabelo verde de marciamo.
Rinsagens, todo cuidado é pouco para não ficar com aquela aparência de velhinha de Miami.

Penei um bocado para conseguir um shampo que me deixasse o cabelo branco, branco. É só isso que eu quero.
Experimentei de tudo um pouco, passei pelo de marca conhecidas, desconhecidas, achei o da Oxyless que tinha o melhor dos perfumes, mas mudaram a politica da empresa, resolveram vender para o mercado masculino e retiraram o perfume, ai procurei, procurei e encontrei o Silver Grey da Mahogani., com direito a Creme Rinse da mesma linha e tudo mais. Vale muito a pena. Retira o tom amarelado, deixa o cabelo macio e dá um brilho todo especial.

Hoje estou com quase 52 anos, cabelos brancos e a aparência mais madura não me assusta, pelo contrario, acho que combina mais, deixa mais uniforme, dá uma certa traquilidade ao todo.

E quando entro em qualquer ambiente, sei que causo uma certa tensão. fica uma pergunta sempre no ar e sabe que eu gosto disso. Minha idade não esta na cor dos meus cabelos”.

Julia, provando que está todo mundo antenado, a VEJA publicou esta semana uma matéria sobre mulheres assumindo os cabelos brancos.

http://blogs.jovempan.uol.com.br/melhoridade/2009/10/13/julia-rodrix-e-seus-lindos-cabelos-brancos/

Foto: Família Rodrix no Programa Maura Roth

sábado, 19 de setembro de 2009

Revista Música - Janeiro / 1977

Clique em cima para ler a matéria



terça-feira, 15 de setembro de 2009

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

“Espaço Cultural Zé Rodrix” - Homenagem da APP

A APP - Associação dos Profissionais de Propaganda – (www.appbrasil.org.br), presidida por Paulo Chueiri, realiza na próxima segunda-feira, dia 31 de agosto, a partir das 19h30, um evento em homenagem ao músico e publicitário Zé Rodrix, falecido em maio.

Com a presença da diretoria da associação e convidados, o atual espaço de eventos, localizado na sede da APP, passará a se chamar “Espaço Cultural Zé Rodrix”, uma homenagem ao profissional que foi diretor e conselheiro da entidade por cerca de 10 anos. Na ocasião, estarão presentes a viúva de Zé Rodrix, Julia Rodrix, e seus filhos.

A sede da APP fica localizada à R. Hungria, 664 – 12º andar.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

A MÚSICA DE SÃO PAULO (UMA MEMÓRIA PESSOAL) 5

Meu primeiro show solo foi no Teatro 13 de Maio, ali na Rua do mesmo nome, onde hoje é o Café Piu-Piu. Era um show metido a fantástico, com efeitos de magia e prestidigitação, e uma banda deliciosa denominada AGÊNCIA DE MÁGICOS, com a qual gravei meu segundo disco solo. Nesse teatro já estavam ensaiando os Dzi Croquettes, a genial invenção de Wagner Mello e Lennie Dale, que lançou em nossa terra as bases do que depois desembocaria nos Secos e Molhados: a androginia como ferramenta da arte. O Teatro 13 de Maio nunca mais foi o mesmo, depois do sucesso dos Dzi Croquettes, mais de um ano em cartaz, com casas cheíssimas. Os Secos e Molhados, ainda sem Neyzinho, eu conheci numa casa muito louca chamada Kurtiço Negro, nos baixos da Rua Santo Antonio, da qual, ninguém se lembra, e eu só tenho certeza de que existiu porque tenho fitas raríssimas de shows dessa casa, com Secos, Luli (mais tarde da dupla Luli & Lucina) e o Alfa Centauri, do Edu. Se não fossem esses registros, eu certamente duvidaria de minha sanidade mental.




Tempos loucos, muito loucos: Moracy Do Val esteve em minha casa, e eu lhe mostrei o LP de uma banda americana chamada Grand Funk Railroad, que despontara para o sucesso subitamente, vindo de um anonimato absoluto, com o expediente de aplicar 1.000.000 de dólares na compra de seu próprio disco, chegando ao primeiro lugar na lista dos mais vendidos, e dai em diante vendendo pelo menos mais cinco milhões de dólares, tornando-se sucesso instantâneo. Moracy Do Val fez o mesmo com os Secos e Molhados, aplicando uma grana sentida nos discos do próprio grupo, dando o start necessário ao que foi o maior fenômeno do disco de que o Brasil já teve notícia. Mas o destino tanto dá quanto cobra: nesse mesmo apartamento conheci dois amigos americanos de Lennie Dale, que ficaram fascinados com a idéia de uma banda de rock que só aparecia maquiada, e cujos rostos limpos ninguém jamais conhecia. Chamavam-se Gene e Paul, e não foi sem surpresa que algum tempo depois surgiu uma banda americana chamada KISS, ambos filhos das New York Dolls, que certamente eram a inspiração visual dos Dzi Croquettes.




Negócios, necessidades, mais uma mudança para o Rio de Janeiro, de onde só retornei, dessa vez em definitivo, em 1983, para a montagem do musical BANDAGE! meu e de Miguel Paiva, no Teatro Cultura Artística. Mas minha vida já se prenunciava paulistana, desde o dia em que na Via Dutra, chegando ao Rio de Janeiro, cruzei com o carro do Joelho de Porco. Trocamos telefones ainda em movimento, e mais tarde, quando cheguei ao Rio, me ligaram perguntando como eu poderia ajuda-los a destrinchar as necessidades documentais para que o show se realizasse. Coloquei imediatamente o meu secretario Tim à disposição, o show aconteceu, Tico Terpins ficou imensamente agradecido, pondo sua casa à minha disposição sempre que eu estivesse em são Paulo.




E aí começa a minha permanência cada vez mais constante em São Paulo, até a mudança definitiva para essas plagas. O Rio de Janeiro começava a dar sinais de deterioração, pelo menos em matéria de música e gravadoras. A Odeon ia sair do prédio onde fizera toda a sua vida, onde o melhor que o Brasil produzira em matéria de música havia sido gravado, e as paredes daquele espaço no Edifício São Borja, ali na Rio Branco, em cima do famoso Paisano, estavam impregnadas pela arte de tantos que nos antecederam. Temi pelos resultados, e meus temores se concretizaram: os estúdios novos eram frios, gelados, sem nenhuma vibração artística. Alem disso, a onda mais uma vez havia se direcionado para São Paulo, e a tal ponto que eu, mesmo morando em minha casa no Rio, trabalhava e estava baseado em São Paulo. A amizade com o Tico começou a ser cada vez mais intensa. Na casa que foi de seus pais, ali em frente à porta dos fundos da TV Tupi, vivemos momentos de prazer musical- gastronômico-sexual inesquecíveis, como apenas São Paulo podia nos propiciar. O Joelho de Porco estava em seus estertores, e o Tico resolveu acabar com ele de chofre, ficando em casa curtindo. Curtíamos todos, pois: era divertido demais. Minha carreira pessoal estava em franco declíni problemas pessoais e profissionais se avolumavam, minha fenomenal arrogância dando dezenas de sinais de que não era suficiente para manter-me vivo, e em contato com tanta coisa interessante que acontecia no panorama musical de São Paulo comecei a me perceber insatisfeito, inadequado, incontrolável, a ponto de explodir, e eu sempre explodia. Mudei de gravadora, por incompatibilidade de gênios com os gênios da EMI, fui para a RCA, que era sensivelmente pior do que a anterior comecei a tropeçar em meus próprios pés, e a única coisa que ainda me dava alguma satisfação era gravar coisas interessantes no porta-studio do Tico, com o qual se iniciou o que seria a nossa vida em comum durante os vinte anos seguintes. São Paulo havia se tornado meu refúgio, a casa do Tico meu porto seguro, os novos amigos a minha referência em matéria de arte.




Zé Rodrix

A Música de São Paulo 6


Estava a cada dia mais insatisfeito com o que fazia como profissão: meu momento de sucesso havia passado, e eu não me preparara para isso. Shows cada vez piores, cachês cada vez menores, começamos eu e Tico (que também não estava sabendo bem o que fazer da própria vida) a planejar uma forma de usar nossa tão decantada criatividade, que saia pelos poros, mas não nos rendia nada. Em vez de ficar ouvindo executivos de gravadoras dizerem a frase-chave de suas vidas: - “Porque vocês não fazem uma música mais comercial?”, deveríamos partir direto para a música mais comercial que havia, e que era a música para publicidade. Essa tinha vantagens sensacionais: era paga, aliás, bem-paga, e sempre contra entrega: já no mundo do disco tudo era feito em consignação, ou seja, você gravava e esperava pacientemente para ver o que ia acontecer, se acontecesse… Iniciamos a invenção de nossas personas-publicitárias, baseadas visualmente nos Blues Brothers, e para exibir aos executivos de agências de publicidade o quanto éramos criativos, criamos um monte de clientes fictícios e um monte de jingles inexistentes, que gravamos e começamos a levar às agências da época. Era um susto: quando entrávamos nas empresas, ainda muito tradicionais. ninguém entendia aquele par de loucos, um alto e um baixinho, vestindo ternos pretos, chapéus, óculos escuros, e com pastas 007 algemadas aos pulsos. Um desses diretores de criação, conhecido seca-e-meca por sua ousadia, ouviu nossa fita e decretou: -não tem lugar para vocês na publicidade. Vocês são criativos demais!
Na casa do Tico a vida era uma festa continua, como as sessões passatempo do Cineac Trianon: o espetáculo começava quando você entrava, e terminava na hora em que você ia embora. Uma festa atrás da outra, e no meio desse processo contínuo chegamos a inventar um grupo novo chamado CARECA & PENTEADO, imensa banda & Grupo coral, que se apresentou numa festa-à-beira-da-piscina na recém-inaugurada casa do Sergio Terpins, irmão do Tico, corintiano tão doente que morreu do coração no dia em que o Corinthians original veio jogar em São Paulo. Essa banda tinha dois vocalistas: Tico Terpins e o ator Ricardo Petraglia, que já havia sido João da Fúria em umas das versões anteriores do Joelho de Porco, e foi a primeira a fazer uso da linguagem desabrida e pornográfica que mais tarde diversos grupos-descendentes tornaram corriqueira.


O Joelho foi seminal para essas bandas: no teatro Lyra Paulistana, ali num porão da rua Teodoro Sampaio, dirigido pelo Wilson “Gordo” Souto Jr., surgiram movimentos, grupos, artistas, os verdadeiros criadores da nova música paulistana: recordo do Língua de Trapo, do Premeditando o Breque, do Rumo, de Cida Moreyra, de quem produzimos o primeiro show (dirigido por José Possi Netto) e gravamos o primeiro disco, um raríssimo LP selo Áudio-Patrulha.

O tempo passando, eu cada vez menos interessado em minha vida de artista/cantor e cada vez mais ficando em São Paulo vendo se dava para experimentar a realidade da música de publicidade, junto com o Tico, mas sem coragem para encarar aquilo com a exclusividade e o empenho que a coisa merecia. Um dia, estávamos almoçando no Jardim de Napoli, em Higienópolis, junto com Renato Viola, que à época era diretor da Band Records e estava gravando um interessante LP chamado BEATLES IN CHORO, com arranjos de Mozart Terra e a participação do inacreditável Carlos Poyares. O Jardim de Napoli era quase que nosso refeitório: ali íamos quase todo dia, inclusive fins de semana. levantei-me para ir ao telefone e no aparelho estava um homem dizendo: - Mas a Elis Regina morreu? Com um calafrio, voltei à mesa e falei do que tinha ouvido.- Tolice! disse um, - Estive com ela ontem! disse outro, e até eu mesmo, que a tinha visto dois dias antes, pretendi duvidar. Sempre alegamos a visão da vida como impossibilidade da morte, como se para morrer não fosse suficiente estar vivo. Tico, acostumado ao mundo de boatos que a mídia já impunha, foi mais racional: - Se ao sairmos daqui o rádio estiver tocando músicas dela, ela morreu. Dito e feito: quando saímos do restaurante, as rádios de São Paulo só tocavam suas músicas. No estúdio o rádio ligado confirmou a notícia, e eu gelei. pela primeira vez na vida uma pessoa próxima atravessava para o outro lado. Elis tinha sido quem me justificara como compositor, quando gravou CASA NO CAMPO, minha e do Tavito, e nossos encontros eventuais sempre tinham sido intensos em matéria de amizade. Sua imagem acenando para nós na porta da casa que tinha na Cantareira se repetia incessantemente em minha memória.

Não sei bem porque esta morte tomou tal volume dentro de mim, tornando-se a gota d’água que fez transbordar minha taça de amargores. Sei que fui ao velório no Teatro Bandeirantes, observando com distanciamento crítico o circo de abutres que se movia em torno do caixão, ficando calado quando os repórteres se aproximavam: sei que sai de lá meio nas nuvens, e que caminhei toda a extensão da Brigadeiro e depois da Av. Paulista debaixo de um céu estrelado de verão, fazendo pela primeira vez na vida um balanço de mim mesmo. Não gostei do que encontrei. Eu tinha sido até esse dia um ser-humano-de-segunda-classe, inconsciente de mim mesmo, movido por impulsos incontroláveis e delírios de grandeza sem nenhuma solidez. A morte de Elis, como um sinal específico do que poderia ser meu fim, me fez mudar radicalmente. No dia seguinte, já no Rio de Janeiro, desmontei a minha vida artística, cancelando contratos, shows, gravações, programas de TV, até mesmo um casamento, e mudei definitivamente, ou quase definitivamente, para São Paulo, onde iniciei o que foi a minha carreira mais importante durante 20 anos: tornei-me um criador de fonogramas publicitários, um “jinglista”, profissão que teve sua ascensão e decadência exatamente durante o tempo em que a pratiquei. Minha mudança verdadeira só aconteceu no fim de 82, e em 83 eu já era cidadão paulistano, cada vez mais paulistano, descobrindo em mim a verdade desse estilo de vida como verdadeira forma de ser, enraizada em minha alma exatamente da maneira como Torquato Neto programara e antevira.
Zé Rodrix

Música de São Paulo 7( Uma Memória Pessoal)

Os anos de 82 a 98 passaram com rapidez imensa, hoje percebo: quando se está fazendo o que nos agrada e que rende frutos visíveis, a sensação é a de um carrossel que gira sem parar, levando-nos cada vez mais a um estado de euforia extremamente criativo, cada vez mais vertiginoso, fazendo-nos esquecer da única grande verdade que existe: no Universo vivo, a única coisa permanente é a mudança. Mudamos muita coisa no panorama da música de publicidade: o que antes era um planeta totalmente separado do planeta musical se tornou idêntico a ele, influenciando-se mutuamente, graças ao nosso desejo intenso de usar no mundo comercial as conquistas artísticas de que tínhamos conhecimento. O mundo da publicidade se enriqueceu muito com essa interpenetração de mundos, e não foram poucas as colaborações que demos a campanhas publicitárias que efetivamente mudaram o rumo da publicidade brasileira, modificando inclusive a auto-estima dos profissionais da área, subitamente elevados ao patamar que sempre haviam desejado ter. Nasce dai a confusão que os publicitários fazem entre seu ofício e a Arte, tentando ser mais do que realmente são, certamente por insegurança de seu próprio valor real.

LIdamos intensamente com os dois mundos, e ao mesmo tempo em que criamos campanhas inesquecíveis para C&A, Coca Cola, McDonalds, Chevrolet, Fiat, entre muitos outros, cedemos nossos estúdios e nosso conhecimento da área para que muitos representantes da música paulistana registrassem suas obras. Os Titãs do “iê-iê-iê”, hoje apenas TITÃS, gravaram conosco seu primeiro disco, assim como o Língua de Trapo, o Tokyo e seu cantor Supla, e Tiago Araripe, e Cida Moreyra, e Edson Alves, e a Banda Mantiqueira, e até mesmo Aracy de Almeida, para quem produzimos um show no teatro Lyra Paulistana, só para gravar este que foi o último registro de sua verve e talento. Envolvidos no mundo mutável e variadíssimo da publicidade, em que a cada dia se enfrenta desafios totalmente diversos, a memória específica se torna apenas um registro básico: de nada me recordo, naturalmente, mas ao ser citada uma obra minha certamente me lembro, com espanto, dizendo a mim mesmo: - Puxa, fui eu que fiz isso? Fomos a primeira produtora a fazer uso da nova tecnologia de computação para geração de música, e o que hoje é corriqueiro em inúmeros estúdios já foi motivo de visitas e olhos arregalados por parte dos amigos. Além de produzir dois LPs-terapia do Joelho de Porco, que além de nos aliviar a alma alugada também serviam para renovar a atenção do mercado publicitário sobre nossa criatividade, agora já aceita e até exigida pelo mesmo diretor de criação que a acusou de ser excessiva alguns anos antes, fizemos trilhas para cinema e novelas, participamos de inúmeros eventos e festivais, sempre dando nossa contribuição à tradução de São Paulo, tentando torná-la mais-que-perfeita. Casei-me, tive filhos, plantei arvores, escrevi livros, de certa maneira para não perceber a passagem do tempo e a mudança que se avizinhava.
Seu primeiro sinal foi o próprio mercado de publicidade, inchado até o ponto de quase-ruptura pelos que dele se aproximaram exclusivamente por razões materiais, o que significa a quase totalidade dos que se dedicam a esse ofício. Outro foi a mudança de postura dos clientes, finalmente entendedores do processo de ilusão a que os publicitários os vinham submetendo, e que se profissionalizaram a ponto de entender mais do negócio que os próprios publicitários. Outro sinal mais poderoso foi a profissionalização da contravenção no mercado de música, com os bandidos amadores de vinte anos antes se profissionalizando e galgando degraus inacreditáveis no comando de empresas para quem a música passou a não importar, numa analogia com o mercado de pizzas, pois para o pizzaiolo o recheio não importa, desde que ele venda a pizza que o público não consegue deixar de comprar. Empresas começaram a fechar, gravadoras começaram a não ter mais controle sobre seus produtos, e eu via isso com crescente espanto, e muita preocupação. O sentimento de que os ventos da mudança começavam a soprar, e a perplexidade de ser aparentemente o único que percebia isso, já que os outros que também sentiam isso não tocavam no assunto, fazendo-o desaparecer ao esconder a cabeça na areia, foi-me gerando imensa preocupação. Infelizmente, não apenas em mim.



Uma quinta feira de Julho de 1998, depois de um jogo do Brasil na Copa do Mundo, meu sócio, irmão, amigo Tico Terpins pôs a mão no peito e morreu.
Ficar sem o amigo de tantos anos, minha referência em matéria de publicidade, música e vida, não foi fácil: o que me sustentou foi a beleza de São Paulo, e os outros amigos que venho fazendo nesse tempo todo, sinceros e verdadeiros. Em todo o caso, já que a mudança se apresentara, resolvi encará-la sem medo e me atirei de volta a coisas que não fazia desde quase 20 anos atrás: aceitei a proposta de meus antigos parceiros Sá e Guarabyra e reativamos nosso trio. Nossa reestréia se deu no Rock’in’Rio, mas foi em São Paulo que gravamos nosso CD/DVD, chamado OUTRA VEZ NA ESTRADA, perpetuado para a posteridade no palco do Teatro Mars, como prova cabal de mais um reinício.


Tenho o vício do reinício constante: a qualquer momento em que algo termine, com um estrondo ou um sussurro, eu já ponho o pé no caminho novo que se me apresenta à frente. não sei se é a São Paulo que não pode parar que me faz ser assim, da maneira como está enraizada em meu próprio ser. Mas a cada instante que passa surgem novas opções, e a música de São Paulo, que tem o saudável hábito de fingir-se de morta quando as condições históricas não lhe são agradáveis, pôs novamente de fora sua bela cabeça, de um jeito inesperado e nada sutil, quando fui convidado a comparecer a um clube de compositores que se reúne em um bar de Perdizes, mais exatamente na Rua Caiubi, 420.

A partir de uma certa idade, as homenagens são sempre agradáveis, e a gente não consegue perde-las. Pois essa resultou em imenso e inesperado prazer: nesse dia conheci uma nova e criativíssima geração de compositores completamente livres das velhas leis de mercado, da equivocada arte de massa, de ideologias-como-camisas-de-força, do abandono da Arte como forma de ganhar o próprio sustento. Em um período de duas horas, não mais, ouvi pelo menos 20 músicas fenomenalmente bem feitas, daquelas que cutucam a nossa emoção por dentro e não nos deixam espaço para racionalizar o que elas nos causam. A música de São Paulo, que me parecia morta, estava vivíssima, atuante, dando claros sinais de uso positivo da mudança que a gerara, Passei a freqüenta-los, a me abismar com sua forma de trabalhar, acabando por tornar-me curador de seu movimento, que tem dado bons e deliciosos frutos. Além disso, vejo a cada dia surgirem novos compositores e intérpretes, uma realidade muito parecida com a que eu vivi em meus tempos de pré-profissional, onde a alegria de estar a serviço da arte que se traz no coração é mais importante que tudo.

Como era de se esperar, a música de São Paulo, aqui do meu ponto de vista, renasce a cada instante, apoiando-se nos ombros dos gigantes que a fizeram para subir cada vez mais em direção as estrelas. Ou melhor: a música de São Paulo é como o Monumento das Bandeiras, de Victor Brecheret, ali em pleno Ibirapuera. O barco há de seguir, e se tem quem o puxe também tem quem o empurre, porque o trabalho conjunto é feito por todos, cada um de seu jeito. O barco tem que seguir sempre em frente, desbravando o futuro, apontando sua proa para o desconhecido que causa menos temor do que desejo. Os remadores que já não estão mais entre nos, e que em meu peito têm as caras de Torquato Neto, Elis Regina, Tico Terpins, seguem conosco, porque só desaparecem aqueles de quem não nos lembramos mais, e esses três, pelos motivos mais óbvios, têm a cara do futuro, que nunca é incerto: incerto é apenas o que ele nos trará, e por isso mesmo fascinante.

Vi o que vi, e só falo do que vi, vivi e experimentei: em meu peito, contudo permanece a grande ansiedade pelo que virá na próxima curva, no próximo dia, no próximo século. A música de cada época comporta imensas variações, seja por obra da evolução seja por obra da transformação, e seria equivoco julgá-la com base no critério que estiver atualmente imperando, pois este é apenas uma fase histórica mais ou menos duradoura, e que inevitavelmente desaparecerá algum dia, como já desapareceram as tantas que a antecederam, deixando o caminho livre para uma outra fase onde haverá outro critério completamente diverso, que nenhum de nós é hoje capaz de pressentir qual será. E nesse dia certamente surgirá alguém como eu que, com a mesma emoção à flor da pele, diga do que viu e viveu: - Meninos, eu vi!
Zé Rodrix



:::FIM:::

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Nasi regrava canção do Zé Rodrix

Nasi prepara seu novo trabalho e incluirá uma canção de Zé Rodrix, gravada no CD IRA -Acústico , chamada "Por Amor". Para isso busca uma cantora com quem possa fazer um dueto em uma versão mais roqueira da canção.
Nasi gravou anteriormente, em seu disco solo, o clássico "Onde os Anjos Não Ousam Pisar" de Etel Frota e Zé Rodrix.

http://mtv.uol.com.br/noticias/nasi-fala-de-novo-trabalho-vmb-e-raul-confira-entrevista

domingo, 12 de julho de 2009

"Ele agora pertence ao mundo" - Julia Rodrix

Gostaria que você informasse a todos os amigos queridos que as cinzas do Zé foram lançadas ontem dia 11 /7 às 12 horas na Baia de São Vicente da Ponte Pênsil , um lugar que ele sempre dizia pro Soneka que gostaria de morar lá. Chegou a andar comigo pela ilha Porchat, e por alguns canto de lá pra escolher um apartamento pra que quando ficasse mais velho pudesse andar pela praia e escrever somente. O dia ontem chorou pelo Zé, choveu o tempo inteiro, sem parar um minuto sequer, mas assim acho que encerramos um ciclo, um tempo de dores, agora acho que temos como dever lembrar dele com a alegria e deixar que ele se espanda, se espalhe por todo o universo, pelas águas da sabedoria, que ele banhe os continentes, que ele , como a água, infiltre os corações com a sua ética inabalável, seu código moral estrito, sua memória prodigiosa e seu amor por todos os amigos. Ele agora pertence ao mundo que tanto queria conhecer, está pelos mares, vai poder estar em todos os lugares como era a impressão que se tinha dele, um homem onipresente pela sua grandeza de espirito. Vá em paz meu amor, você já não nos pertence, você agora faz parte do universo.
Júlia Rodrix

O (verdadeiro) Último Adeus Ao Zé

O último tchau pro Zé Rodrix foi hoje, um sabadão ( dia 11/7) chuvoso de dar dó. As cinzas do Zé foram ao mar exatamente onde ele dizia : - Ainda vou morar aqui. Na baía de São Vicente, de cima da ponte pênsil. Tirei duas fotos com o celular desconfigurado, danou-se quando fui ver tinha 10kb cada uma, ficaram ínfimas. Estavam Silvio e esposa, Julia Rodrix e dona Lurdinha(mãe), Julia Carvalho, Celina, Tavito.
Por Sonekka

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Os anos passados em Porto Alegre

Compositor foi colaborador de Zero Hora


Zé Rodrix morou em Porto Alegre – tocando, ensinando música e inclusive escrevendo para Zero Hora. Foi em 1969, quando ele e um grupo de amigos formaram o Grupo Revolucionário de Arte Livre (Gral) e também a banda de rock Primeira Manifestação da Peste.

Em entrevistas, Rodrix disse que, na época, veio “ser hippie no Rio Grande do Sul”. O músico Mutuca, que fez amizade com a turma, lembra:– Ele e a turma dele trabalharam no Rio até final dos anos 1960. Com a repressão, muita gente foi para a Europa. Eles vieram para cá.

Rodrix, com a Primeira Manifestação da Peste, participou do 2º Festival Universitário da MPB, realizado na Faculdade de Arquitetura da UFRGS em julho de 1969, defendendo a canção Copacabana me Engana. Na final, Rodrix tocou teclados com a banda de Mutuca, o Succo, da qual viria a se tornar integrante em seguida.

– Eu tive que sair da banda logo depois, e ele acabou entrando.

Eles fizeram um espetáculo multimídia no Teatro Leopoldina, tinha música, texto e projeções, bem no espírito da época – conta Mutuca.Rodrix também lecionou música no Educandário Cecília Meireles, na Cidade Baixa, e colaborou como jornalista de Zero Hora, escrevendo crônicas para a edição dominical do jornal, no caderno que viria a dar origem ao Segundo Caderno.

Zero Hora nº 15978 - Dia 23 de maio http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a2519384.xml&template=3898.dwt&edition=12378§ion=999

REAL IMAGINÁRIO por Toninho Spessotto


REAL IMAGINÁRIO


Num oceano de desilusão
Onde por qualquer coisa se mata um irmão
Numa carreira cheia de tropeços
Onde pra vencer paga-se o mais alto dos preços

Num mundo triste onde grandes amigos
Se vão sem aviso, sem rota, sem chão
Eu me convenço de que trago comigo
Um vazio enorme dentro do coração

Se a canção não tem mais alternativa
A não ser trazer à tona um triste dia sem sol
Se o verso teima em tornar cativa
A voz do amor como se apagasse um farol

Eu sigo aqui vivendo de lembranças
Trazendo no peito o rasgo da saudade
Sinto falta do meu lado criança
Em que tudo era regado a felicidade

O que foi feito da nossa juventude?
Pra onde foi a vontade de crescer?
Onde jogaram nossa inquietude
E a rebeldia que nos fazia viver?

Não sei a resposta, talvez esteja no vento
Que insiste em soprar lembranças do bom tempo
Mas sei que me resta o peso da ausência
E a falta que faz o despertar da consciência.

Amigos são a família que escolhemos
Já dizia o sábio mestre dos segredos da canção
Ele se foi somente roupa e casca
Ficou a impressionante marca do coração

De qualquer forma meu irmão de batalha
Ficamos nós à volta dessa fogueira
Vertendo a lágrima que pinga da calha
O som da falta que é tão verdadeira

Trilhando a estrada vamos nos reerguendo
Colhendo os frutos que a vida plantou
Somando os números e sobrevivendo
Tentando achar o que ainda restou

Tenha certeza meu amigo querido
Tua partida até trouxe sofrimento
Mas em nome de tanto amor vivido
Nós compreendemos a grandeza do momento

Reergueremos a irmandade algum dia
Reformaremos o estatuto da morte
Ela jamais nos tirará a alegria
Se tornará um elemento de sorte

Muito Obrigado pelos versos precisos
Muito Obrigado pelo acorde envolvente
Muito Obrigado pelos sonhos concisos
Muito Obrigado por viver com a gente

Só não esqueça que ficamos mais pobres
Só não nos deixe assim sem esperança
E nos ajude a voltar a ser nobres
Esteja sempre na nossa lembrança

Vamos seguindo pela estrada de flores
Tentando achar a explicação da verdade
Conseguiremos rever todas as cores
Reconstruir a voz da felicidade


Toninho Spessotto
23/5/2009, 15 horas e 13 minutos



*Toninho Spessotto é jornalista, radialista, produtor e crítico musical e amigo do Zé!

Zé Rodrix por João Bani

Amigos queridos de M-Música , Caiuby, Cardiem e adjacências


Ando meio sumido, muito pelos caminhos impostos pela vida, muito por decisão minha (...).

O valor de amigos a gente reaprende quando vê um como o Zé iniciar uma viagem para um lugar onde aquele espírito inquieto, criativo,solidário e amigo vai continuar plantando consciências, reflexões,alegria, arte, caráter. Quando percebo o tanto tempo que fiquei sem conviver com a sua sabedoria, com sua amizade, com sua arte e com vocês.

A ultima vez que nos falamos foi no início do ano, onde ele dizia que estaria aqui no Rio em Março, lançando a trilogia. Não tive mais notícias do lançamento, e quando soube que o Trio tocaria no CCBB eu estava viajando.

Zé e aquela cortesia e amizade verdadeiras, relevando a acidez das nossas discussões pacientemente, culminando em trocas de receitas..kkkkkkkk. .. Quem o lia ferino e impiedosamente sarcástico nas trocas de mensagens e bem o conhecia , sabia que era a voz irônica de uma alma que gargalhava, dando pequeneza às coisas enquanto guardava para cada um de nós o verdadeiro tesouro que era seu coração.

Eu tenho muita gratidão, Zé , pelo carinho principalmente com minha família. Com Vania e os meninos. Com meu pai, que hoje aos 93 anos,ainda pergunta por você. Eu não tenho nem coragem de dar a notícia da sua despedida porque vou desabar no telefone e meu Velho pode ficar sentido. Num dos seus livros, meu pai fala que "Quase me casei em Rio de Contas" com uma Trindade, acho que Filomena, não lembro bem.Descobrimos que era Tia do Zé. Rimos muito sobre a possibilidade de que hoje poderiamos ser primos se o Professor Sá Teles não zarpasse sertão afora, deixando Rio de Contas...

Lembro das comidas no Play da Tânia, de uma vez que ele e Tavito cantaram coisas do Som Imaginário, num registro que ficou pra mim como uma das coisas mais bonitas que já ouvi de perto na música. As vezes em que "Teve Grajaú", o show do Sonekka e ZéEdu, o Caiuby ainda em Perdizes...Mas o que mais agradeço, Zé, é seu estímulo a tantos de nós pela nossa liberdade de criação. A força que você sempre me deu para compor, para moldar meu próprio caminho, independente de acompanhar artistas.
Antes tarde do que nunca, Zé, eu tenho tentado, obrigado, Bardo.(...)
bjos e abraços,

João Bani e Vania

**João Bani é percussionista

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Biografia ( em constante atualização)

Filho único de um mestre-de-banda, estudou no Conservatório Brasileiro de Música e na Escola Nacional de Música, onde aprendeu, além de teoria musical, harmonia e contraponto, piano, acordeom, flauta, saxofone e trompete. Iniciou sua trajetória artística no Colégio de Aplicação do Rio de Janeiro, onde estudou por 9 anos, cujo grupo de teatro foi membro fundador e no qual começou a exercer as funções de ator, diretor, cenógrafo e compositor de trilhas sonoras. Em 1964, entrou para o curso de teatro de Maria Clara Machado, o Tablado, onde participou de montagens das peças "O cavalinho azul" e "Arlequim servidor de dois patrões".

Em 1966, com o conjunto Momento 4uatro, se apresentou no III Festival de Música Brasileira da TV Record em 1967, acompanhando Marília Medalha, Edu Lobo e o Quarteto Novo com "Ponteio". No início dos anos 70 foi integrante do Som Imaginário, e continuou atuando como compositor. "Casa no Campo", composição sua e de Tavito, ganhou o festival de Juiz de Fora em 1971 e foi gravada com grande sucesso por Elis Regina. Atuou também ao lado de Sá e Guarabyra, no trio que lançou o segmento rock rural. Integrou também o grupo pré-punk Joelho de Porco. Foi ainda criador de vários musicais brasileiros ( Blue Jeans, Band Aid, Não Fuja da Raia, entre outros) e criador de trilhas cinematográficas, entre as quais, com seu parceiro desde os tempos escolares Miguel Paiva, "O Gatão de Meia Idade".
Teve outras ocupações além da música: foi jornalista, professor e cozinheiro e escritor, tendo iniciado com o livro "Diário de um Construtor do Templo" em 1999, a “TRILOGIA DO TEMPO “. Com poucos LPs solo gravados, foi dono do estúdio A Voz do Brasil, produzindo jingles e músicas comerciais, muitos premiados.

Meu último abraço ao Zé Rodrix - Marcelo Tas


Fiquei tocado com a notícia da morte prematura de Zé Rodrix. Na semana passada, estive com ele em Palmas, na Feira do Livro, que acontecia na capital do Tocantins. Foi no instante logo a seguir da foto que você pode ver no post abaixo. Nos encontramos no camarim. Fui recebido com o carinho e alegria de sempre por ele, que estava ao lado dos seus eternos parceiros Sá & Guarabira. Na sequência, o trio faria um show de encerramento do evento, naquele mesmo palco. Demos boas risadas, nos abraçamos e nos desejamos boa sorte para seguir o caminho.


Envio aqui o meu afeto e pêsames aos amigos e família do querido José Rodrigues Trindade.

Rodrix, além de músico, multiinstrumentista e compositor, foi autor de inúmeras trilhas sonoras da publidade e televisão brasileiras. Entre elas, a do Professor Tibúrcio, do Rá-Tim-Bum. Tive a alegria de trabalhar com ele na criação da "sala de aula virtual" que, após o "Olá Classe", respondia "Olá Professor Tibúrcio".

Que a alma criativa e generosa de Zé Rodrix descanse em paz e continue nos inspirando sempre.




http://marcelotas.blog.uol.com.br/arch2009-05-16_2009-05-31.html#2009_05-22_15_21_48-5886357-0

"Zé da Roda com os carneiros solenes do céu” - José Nêumanne Pinto


Zé Rodrix morreu na sexta-feira 22 de maio de 2009, à 1 hora da madrugada, e, desde as 5 da tarde, a hora em que os toureiros são colhidos pelos touros quando não os matam, passou a ser velado na grande loja maçônica da rua São Joaquim, 138, na Liberdade, de onde sai sábado 23 de manhã para ser cremado na Av. Francisco Falconi, 437, no crematório da Vila Alpina, em São Paulo, cidade que ele muito amou depois que a adotou, tendo abandonado a Rio de Janeiro natal. Abaixo o texto com que presto mais este elogio fúnebre em 12 meses de muitas perdas.


A primeira vez que vi Zé Rodrix na minha vida foi em 1967 na Rua Rui Barbosa, no centro de Campina Grande, Paraíba, se bem que ainda não pessoalmente, mas, sim, na tela em preto e branco do televisor de casa, pela qual acompanhava com fanatismo os festivais de Música Popular Brasileira. Então, ele fazia parte do Momento 4uatro, que acompanhou Edu Lobo e Marília Medalha em Ponteio, a canção de Edu e José Carlos Capinam que venceu o III Festival de MPB, da Record.

Depois, no começo dos anos 70, quando me mudei para sua cidade natal, o Rio de Janeiro do Flamengo e da Mangueira, aprendi, cantando com ele, que “a palavra já morreu”, refrão de um sucesso do Som Imaginário. O conjunto (como se chamavam as bandas à época) acompanhava Gal Costa num show em São Paulo quando, enfim, nos conhecemos pessoalmente.

Fiel a seu espírito de revolucionário folgazão, no meio do espetáculo improvisava um inesperado solo de máquina de escrever. Um leitor, que não havia gostado nada daquilo nem muito menos de meu elogio ao desempenho dos artistas, impresso na Folha Ilustrada, da Folha de S. Paulo, me telefonou para dizer que o espetáculo era tão ruim que um dos acompanhantes da cantora baiana deixava de tocar para escrever uma carta.


Como o Brasil inteiro, aplaudi Elis Regina cantando Casa no campo, composição dele e de seu maior amigo, o mineiro Tavito, e batia palmas ao compasso da salsa no refrão de Soy latino-americano. Mas só nos apertaríamos as mãos graças à internet quando ele voltou a compor, ao considerar encerrada sua temporada de publicitário, na qual havia encantado o Brasil (e eu junto) com um longo jingle de um Chevrolet.

Passamos a frequentar aos sábados, a musa Júlia sempre ao lado dele, as livrarias da vida - a Azteca, nas Perdizes, a Boa Vista, na Faria Lima, e, finalmente, a da Vila, na Vila Madalena. Encantava a roda formada pelo romancista Humberto Mariotti, por Aquiles Reis, do MPB4, e por seu ídolo, o poeta Mário Chamie, contando casos do tempo da luta armada, da qual participara e que lhe servira de definitiva vacina contra quaisquer tentações totalitárias e estatizantes.De volta à música pela internet, fazendo sucesso na literatura como autor de uma trilogia de romances sobre a construção do templo de Jerusalém, o Zé da Roda, como eu o chamava na livraria (sendo por ele chamado de Zé da Neuma), se havia tornado um inimigo figadal do financiamento público de obras de arte, por achar, com razão, que esta é a pior forma que os autoritários encontraram para abastardar a cultura.

Cultor da canção, como autor ou exegeta, pregava aos quatro cantos que esta sua forma capsular de expressão estética tinha mais valor que livros, quadros, concertos, filmes e peças teatrais, exatamente por ser completa em sua forma sintética de comunicação.

Solidário por vocação, Zé compôs sozinho e em parcerias e também cantou em bandos na condição de adolescente permanente: Joelho de Porco, com o sócio Tico Perkins, e, desde sempre, o trio de rock rural Sá, Rodrix e Guarabyra, cuja temporada de shows só foi interrompida pela visita da Indesejável das Gentes em seu refúgio no Sumaré, onde foi golpeado por um enfarte fulminante, ao lado de Júlia, como passou todos os dias dos últimos anos de sua vida.

O amigo generoso e atento continuará nos provocando e incentivando onde for que nos encontrarmos. O artista talentoso e gregário deixou sementes de canto na filha mais velha, Marya, e na caçula, Bárbara.
Mas ele sempre fará falta, ao encerrar, desta forma trágica, um ano de perdas, que decepou de minha vida as companhias de Toinho Alves (do Quinteto Violado), Walter Santos, J. B. Lemos, Tereza Sousa e Walter Silva Picapau.
Ao lado deles, na certa, ele agora tem um encontro marcado com um rebanho de carneiros solenes pastando nos jardins do céu.

José Nêumanne Pinto
(atendendo a um pedido de Julia Rodrix)




domingo, 28 de junho de 2009

1 mês sem Zé Rodrix ( msg de Julia Rodrix )

Zé Rodrix,Barbara Rodrix e Julia Rodrix em momento de confraternização
com amigos da M- Musica no Rio de Janeiro ( 2005)

Alan,


O que dizer? Como dizer?


Agradecer, os 26 anos que ganhei tendo o prazer e a honra de conviver com este homem, este mestre de tantas artes, este ser humano de tantos humores e de sabedoria imensa e paciência curta para pequenices, burrices, preconceitos baratos, mesquinharias? Dizer o que perdi? Tudo seria pouco e difícil.


O Zé sempre foi e será um homem controverso, tipo ame-o ou deixe-o. Agora vejo que até mesmo aqueles que o detestavam, no fundo, tinham por ele respeito. Pela sua honra, pela sua ética, pela sua dureza contra qualquer coisa que não fosse no mínimo correta e justa.


Como Maçon lutou para que a Ordem voltasse a ser modelo respeitando seus fundamentos, fez pela Maçonaria durante 10 anos o que muitos não fizeram por séculos. Ou desfizeram, tornando a Maçonaria forma de poder e disputa em vez de uma Ordem de justiça, ética e fraternidade.
Pela música, você bem sabe foi contra dogmas, cultos por pessoas em detrimento a obras, culto à mídia no lugar do talento verdadeiro.


Seus textos nas listas que participava não eram mensagens curtas mas lições, pensamentos rápidos e muitas vezes hostis e mordazes para aqueles que estavam preparados para aquilo que querem, podem e conseguem entender o verdadeiro significado da palavra, do pensamento, do conhecimento.Para aqueles que se ofendiam, ele dizia apenas para não se levarem a sério, para não darem tanta importância a si próprios e às suas vaidades pessoais.


Como Pai, fez pelos 6 filhos o que um pai pode fazer. Deu o exemplo de correção, não com palavras, mas com atos, com atitudes. Ensinou a cada um deles o valor de ter amigos, de ser fiel a seus valores, de ser fiel a seus princípios, e de que a pior coisa que se pode fazer é trair a si próprio fazendo concessões. Ensinou o valor do trabalho, da realização dos sonhos e o prazer de ler, de conhecer, da busca. Tenho dois filhos dele e mais quatro de herança que me foram dados por ele como uma bênção.


Marya, uma maravilhosa filha mais velha, que tem a voz mais linda do mundo, compositora, cantora de musicais e atriz talentosa. Uma mulher de muita fibra, que vai lançar seu primeiro disco agora para orgulho de seu pai coruja que postava todos os trechos de suas performances nas listas. Dela tenho uma neta torta de 16 anos que se chama Morgana e que é uma luz de beleza e carinho, e também de um talento extraordinário.


Joy, um anjo de meiguice e doçura, psicóloga, que está desenvolvendo um projeto de atenção integral ao paciente e pelo qual o pai estava empolgadíssimo. É a mãe da Amodini, uma bênção de 5 anos de idade, que me disse que a Natureza não foi justa porque levou o vô Zé antes dele merecer, e veio do Rio para me dar colo.


Rafael, seu filho de Natal, um homem maravilhoso em inteligência, delicadeza, carinho e um profissional exemplar, que me conforta e aconchega por ser tão parecido ao meu amor e por ter um caráter de fazer inveja a qualquer um.


Mariana, obstetra, sempre pronta a atender, a cuidar, é a fazedora, a nossa mãe nas horas das dores, dos cuidados.


Antonio, meu primeiro filho com ele, meu companheiro, meu porto seguro, que herdou a memória, a sagacidade, a inteligência e o humor ferino, mas que é a doçura em doses imensas.


E por fim (será mesmo?) a Bárbara, que alguns já conhecem, que tem seu gênio, sua musicalidade, opinião própria, seu jeito de compor completamente diferente do pai, mas também não dá mole, como ela diz, pra ninguém e não é bengala de ninguém.


Dona Lourdes, a mãe dele com 81 anos, que mora comigo e que está bem, sofrendo, mas sabe que temos que continuar a vida como ele nos ensinou.


Quanto ao meu melhor amigo, ao meu amor, ao companheiro de uma vida tenho pouco a dizer porque ainda não consigo entender, não consigo escrever sem chorar muito.Aos amigos só tenho a agradecer o apoio, ao amor que me tem dado e peço que não esqueçam sua obra, que não esqueçam seus ensinamentos, que não deixem que a mediocridade tome conta do mundo. Não permitam que o mundo emburreça, isto sim seria um insulto à sua memória. A burrice é o pior dos pecados, porque cega, anula e mata.


A você, Alan, muito obrigada pelo cuidado, pelo carinho e pelo trabalho que certamente eu te darei porque quero o endereço novamente do Orkut, quero os textos, que certamente lerei e selecionarei para uma publicação, seja pela editora ou pelo blog, ainda não sei. Todas as decisões serão tomadas por mim e pelos meus 6 filhos. Não sei como poderemos fazer isto mas gostaria de ter estes textos, todos os que estiverem disponíveis, tanto os dele como os dos admiradores, para poder ver o que fazer, afinal não vou deixar que suas palavras voem ao sabor dos ventos.


Um beijo e, mais uma vez, obrigada.


Julia para sempre Rodrix

26/06/2009


( mensagem de Julia Rodrix ao jornalista Alan Romero, dedicada aos fãs, amigos e admiradores de Zé Rodrix )


Morre Zé Rodrix

Amigo Zé, Adeus!

Faleceu aos 61 anos, em São Paulo, o compositor, cantor, publicitário, produtor e jornalista Zé Rodrix. Ele sentiu-se mal em sua casa e foi levado ao Hospital das Clínicas onde morreu no dia 22 de maio.

Deixou mulher, a escritora e produtora Júlia Rodrix , seis filhos, entre eles a cantora e compositora Barbara Rodrix e a atriz e cantora Marya Bravo e dois netos.


José Rodrigues Trindade, carioca de nascimento, integrou o Momento4uatro nos anos 60 ao lado de Maurício Maestro, David Tygel e Ricardo Vilas. Foi membro do Som Imaginário ao lado de Tavito, Wagner Tiso, Robertinho Silva, Luiz Alves e Fredera. Depois formou, ao lado de Luiz Carlos Sá e Guttemberg Guarabyra, o trio Sá, Rodrix & Guarabyra. Fez parte também do Joelho de Porco. Gravou seis discos solo. Escritor renomado, publicou a Trilogia do Templo pela Editora Record, três livros onde dissecou a história da Maçonaria, ordem da qual fazia parte, e preparava novas obras. Deixou um disco inédito ao lado de Sá e Guarabyra. Como compositor criou clássicos do quilate de Casa no Campo, eternizada na voz de Elis Regina e Soy Latino-Americano. Fez trilhas sonoras para teatro, cinema e televisão. Na publicidade, criou jingles inesquecíveis para empresas como General Motors, Pepsi, Danone e Fininvest.


"Ao tomar conhecimento da morte de Zé Rodrix, mesmo sem crer, peço a Deus que o acolha com a decência e dignidade com que ele viveu, reservando-lhe como moradia, quem sabe, a tão sonhada "casa no campo", onde ele possa continuar compondo seus rocks rurais. Valeu, amigo e irmão!"
J. C. Gutierrez


Zé Rodrix e a Maçonaria:


Iniciado na Augusta e Respeitável Loja Simbólica “Apóstolos do Templo” nº 241, Oriente de São Paulo, no dia 30/11/1991, onde foi Aprendiz Maçom até o dia 16/02/1993 quando foi elevado a Companheiro Maçom. No dia 15/03/1994 foi exaltado a Mestre Maçom pelos seus altos conhecimentos adquiridos sobre a Ordem. Pertenceu à Comissão de Comunicação na gestão do Grão Mestre Salim Zugaib. No dia 21/06/2000 foi instalado como Venerável Mestre de sua Loja. José Rodrigues Trindade partiu para o Oriente Eterno no dia 22/05/2009 da Era Vulgar deixando várias obras de altos conhecimentos maçônicos, contribuindo assim com a cultura e para o bem da humanidade.


Fonte: Correio Paulistano

terça-feira, 26 de maio de 2009

Missas da 7° dia por Zé Rodrix

EM BRASÍLIA
A missa será às 19h, na quinta-feira, dia 28, na Igreja de São Camilo de Lellis, que fica na EQS 303/304.

RIO DE JANEIRO:
Os amigos do Zé Rodrix, companheiros de turma e de escola e o CAp (Colégio de Aplicação) farão realizar uma missa de sétimo dia na quinta-feira, dia 28 de maio às 19:00hs na Igreja de São José, na Lagoa.